O PAI DO GIN

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Le Boë

O século XVII deu mundo ao mundo e uma nova família ao zimbro. Ingleses e holandeses percorreram os mares trazendo as especiarias que viriam a transformar os destilados até então apenas feitos com botânicos europeus. Um dos inesperados sucessos destas viagens foi a cocleária-menor, ou scurvy grass, que, devido ao elevado nível de vitamina C, serviu para prevenir ou reduzir a incidência de escorbuto durante as viagens marítimas (um dos parentes da cocleária é azeda). É desta altura a confusão criada até hoje com a verdadeira identidade do chamado pai do gin holandês. Uns mencionam o trabalho notável do Dr. Cornelius Decker, ou Cornelius Buntekuh (1648-85), que alegadamente terá inaugurado a primeira coffeehouse da história da Europa em Hamburgo (Decker morreu num acidente doméstico, caindo pelas escadas abaixo depois de algumas noites sem dormir com café a mais). Outros referem o incontornável nome de Sylvius de Bouvre, ou Franz De Le Boë (1648-85), que no século XVII incitou ao consumo desenfreado de chá e café para «purificar o sangue».

A pouca informação histórica sobre o assunto, e a discutível credibilidade dos cientistas de outrora, vem comprovar que ainda hoje o mundo do gin convive melhor com o escapismo e a fantasia do que na realidade histórica dos eventos. Não admira que Franz De Le Boë tenha acabado por dar nome a um dos mais importantes gins escoceses actuais, o Boë.

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