Bartenders

7440

0

5

Henrique Veiga

Henrique Veiga Te Winkel. Trinta e três anos. Nasceu no Porto e é filho de mãe portuguesa e pai holandês. É um mixólogo por excelência e tem um lato conhecimento das propriedades fitoquímicas das plantas.

E agora a sua história…
Aos 12 anos começou como ajudante de cozinha no restaurante italiano «Al Dente», cujo proprietário era o tio. Aos 14, foi parar ao «Jig´s Capitólio Porto», e foi aí que estreou-se como barman, começando por caipirinhas e mojitos. Aos 17 anos mudou-se para Lisboa. Tirou o curso de Qualidade Alimentar na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica em Oeiras, um curso que permitia duas saídas profissionais: técnico de laboratório ou controlo de qualidade alimentar. Optou pela segunda. Regressou ao Porto e durante um ano implantou o sistema de qualidade alimentar para a «Tailor´s Porto Wine Loges». Depois, trabalhou numa empresa privada de águas no controlo de potabilização…e foi neste momento que se desencantou com o que estava a fazer. Não era ainda este o seu caminho.

Voluntariou-se através da organização não governamental «Learning Project» para ensinar inglês a crianças na Índia e no Nepal, experiência que usou para desenvolver competências na área da agricultura biológica. E assim nasceu um novo homem e, consequentemente, surgiram novas ideias. Ainda na Índia, começou a desenvolver um dos seus actuais projectos, o «Seeds for Needs Portugal», de cariz humanitário para o ensino, cultivo, defesa, conservação e doação de sementes de hortícolas e frutícolas em nome da diversidade da alimentação e do desenvolvimento sustentável.

De regresso a Portugal, em 2009, estabeleceu-se no Algarve como agricultor biológico e nesta altura foi convidado para barman no «Bistro 100 Maneiras», em Lisboa. Ali, recebeu formação pela «Black Pepper & Basil» e tornou-se o chefe de bar. Saiu em Setembro de 2010.

Em 2011, regressou ao Porto e lançou-se como barman freelancer. Sucederam-se as consultorias para as cartas de vários bares e a criação de cocktails. Para a «Pensão Favorita», no Porto, desenvolveu um cocktail único de caril fresco cujas folhas foram colhidas no jardim do espaço, com Bulldog Gin. Anuncia a bebida como um «gin sour», com limão, calda de açúcar e clara de ovo (que por ter muitas proteínas reage com o citrino e o açúcar e faz uma emulsão, resultando num cocktail amargo e ácido). Por fim, um toque de canela. Seguiu-se o bar «Miss´opo», que acumulava com um part-time na cadeia de restauração «Bull&Bear», onde empratava sobremesas.

Mas era chegado o tempo de evoluir, e assim partiu para Nova Iorque. O seu fito era dar um passo além da teoria do bar. Viajou bastante, encantou-se com os EUA e acabou por frequentar um curso de mixologia aplicada. Sem nada a perder, pegou no portefólio e foi bater às portas. Arrebatou a equipa do Bulldog Gin (mais informação no fim da peça). Sucederam-se vários eventos em Nova Iorque, desde vendas em garrafeiras a eventos da marca, até que conquistou o lugar de mixólogo e embaixador da marca.

Ainda no ano passado, encontrou-se em Nova Iorque com Carlos Braz Lopes, proprietário do restaurante «Mercado de Santa Clara», e criou um cocktail para o lançamento do livro do «Melhor Bolo de Chocolate do Mundo».

Pelo caminho fez acções de promoção em garrafeiras de Chelsea (Londres) e num restaurante cubano/italiano em Manhattan, o «Candela Candela», onde fez consultoria e trabalhou como bartender.

Regressou ao Porto em Março de 2012 e alcançou um acordo com a Red Bull. Participou como mixólogo da mesma no Music Academy e em Abril no Red Bull House of Art na LX Factory. Depois veio a festa de lançamento do Bulldog Gin no «Olivier Avenida» e assinou uma parceria, na qualidade de embaixador da marca, com o Rock in Rio, onde dominou o bar VIP como mixologista. Henrique Winkel salienta que «o gin pode ser utilizado numa infinidade de cocktails», em caipirinhas, mojitos e margaritas. No Rock in Rio surpreendeu com as «Bullgaritas» de cereja, amora, morango e alperce, este último o seu favorito.

Para este epicurista das bebidas espirituosas, por ter uma formação laboratorial, está agora a tentar aventurar-se na gastronomia, explorando todas as propriedades biológicas das plantas, como do gengibre, da salsa e dos coentros. O seu projecto, a longo prazo, é ter um terreno em Lisboa com um bar onde possa servir alguns pratos, cocktails sofisticados sem álcool e chás. Também ali gostaria de começar a dar formação a futuros voluntários para o projecto «Seeds for Needs Portugal».

O seu sucesso na área de mixólogo diz que o deve à sua «sensibilidade quando é abordado pelo cliente». Fala com ele e adapta a bebida ao seu gosto. Mas lamenta que em Portugal ainda haja muito preconceito em relação a esta profissão. «É menosprezada, os chefes de bar ainda são vistos como «um empregado de balcão.»



Deixe a sua mensagem

Sem Comentários