O American dream de Anshuman vem numa garrafa de Gin

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Anshuman Vohra transformou o gosto pelo gin num negócio. O seu sonho americano é a Bulldog, uma marca nascida nos Estados Unidos, fabricada no Reino Unido e que foi buscar o nome à alcunha do antigo primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Portugal é o terceiro mercado para a empresa, que vendeu no ano passado 1,2 milhões de garrafas a nível mundial. A ambição é, dentro de cinco anos, elevar esse número para dez milhões por ano. E para isso tem um orçamento de sete milhões em publicidade.

Briefing | O nome Bulldog foi inspirado na alcunha de Winston Churchill. A ligação com esta figura recompensa enquanto ferramenta de marketing?

Anshuman Vohra | O nome não surgiu como ferramenta de marketing, mas devido à minha admiração por Winston Churchill. Para mim, é um herói. Era um empreendedor político, que se recusou a desistir durante a Segunda Guerra Mundial. Ele era o bulldog inglês original. Foi, sobretudo, o seu espírito que me inspirou, a sua perseverança, autoconfiança e fortitude de nunca desistir. É algo a que aspiro todos os dias.

Briefing | Crê que as pessoas relacionam a marca com essa imagem?

AV | Cada vez mais. E seguramente quando lhes conto. Quando veem a garrafa, as pessoas percebem que não é o gin antigo. A Bulldog não é uma marca criada por uma grande empresa, com recurso a marketeers. É uma marca, uma empresa, um sonho. Houve um desejo real de mudar a perceção das pessoas acerca do gin e a forma como bebiam gin.

Briefing | Qual o contributo da Bulldog para a mudança de imagem que o gin viveu nos últimos anos?

AV | Contribuímos muito, sobretudo na Europa. Só existimos há sete anos e já somos o gin em maior crescimento a nível mundial. No ano passado, vendemos 1,2 milhões de garrafas.

Briefing | O que distingue a Bulldog das outras marcas de gin?

AV | Somos o gin de alta qualidade com melhor sabor. Para mim, sabor e qualidade são as coisas mais importantes. Não interessa qual é o nome da marca ou como é a garrafa. Se não se tiver o melhor sabor, as pessoas não vão continuar a comprar. Pode-se enganar as pessoas uma vez, mas não vão continuar a comprar se não lhe proporcionarmos uma experiência.

Em segundo lugar, não fazemos parte de um grande portefólio. Somos uma empresa independente, uma marca que foi lançada porque encontrei uma abertura no mercado para gin super premium, que resolveu a minha infelicidade com o gin. Houve um desejo de repensar e remodelar esta categoria de gin e felizmente tivemos sorte porque a seguir houve o boom desta bebida. Não é como se tivesse lançado a marca hoje, depois de ter visto dezenas de marcas.

Briefing | O que motivou a escolha de uma garrafa escura?

AV | Originalmente, tínhamos uma garrafa transparente, mas não se destacava no bar. Eu queria que tudo na Bulldog fosse muito distinto: a bebida, o nome, a aparência. Se se vai gastar 28 euros numa garrafa quer-se que tudo seja especial.

Briefing | Houve um ponto de viragem muito notório nas vendas a partir do momento em que o gin passou a estar na moda?

AV | O grande ponto de viragem foi a entrada em Espanha, em 2009. Espanha continuou a duplicar as vendas todos os anos. E depois outros países europeus começaram a beber. Quando decidimos recentrar o negócio na Europa, isso ajudou-nos.

Briefing | O gin já está a ganhar a guerra contra a vodka?

AV | Na Europa, nem há comparação. Basta olhar para os bares. Não me surpreende nada que, na Europa, com exceção da Rússia, o gin venda mais que a vodka. Basta olhar para a vossa comida. A comida mediterrânica é a melhor do mundo, tem sabor, tem complexidade. A vodka, sem sabor, nunca vai ser bem-sucedida aqui. Pelo contrário, nos Estados Unidos e no Reino Unido, como a comida tem pouco sabor, a vodka vende mais. Mas não estou preocupado com a Europa. Além de que os consumidores europeus são inteligentes, estão menos preocupados com o hype e mais com a qualidade.

Vodka e gin têm tipos diferentes de hype. É muito difícil encontrar uma vodka criada por um empreendedor que tenha algo de especial, que tenha uma história. Pelo contrário, no gin há muitos empreendedores.

Briefing | A Bulldog é a segunda marca de gin premium mais vendida em Portugal. Qual a estratégia para chegar a número um?

AV | Muito trabalho. Não é fácil. O número um está em Portugal há dez anos. Nós só cá estamos há três anos e meio. O que precisamos de fazer é aumentar a visibilidade da marca, dando a experimentar a mais pessoas.
Se conseguir que todos os portugueses com idade para beber álcool experimentem Bulldog é o fim da história, porque sei que quem experimenta 99% das vezes volta a comprar.

Briefing | Como explica que um país pequeno como Portugal seja tão importante para as vendas da Bulldog?

AV | Nunca imaginei. Não sei como explicar. O facto de a Península Ibérica e de Itália partilharem tendências ajuda. E acho que chegámos aqui na altura certa. Estávamos a ser bem-sucedidos em Espanha e encontrámos o parceiro certo em Portugal.

Quando decidi investir em Portugal, em 2011/12, perguntavam-me porquê. Apesar da economia, apostei porque acredito que o consumidor que está disposto a gastar 14 euros num gin premium, porque é um luxo acessível.

Briefing | O que representa Portugal para a Bulldog em termos de valor e volume?

AV | No ano passado, vendemos 1,2 milhões de garrafas a nível mundial. Em Portugal vendemos 100 mil garrafas, o que representa 8% do nosso volume de vendas. Em valor, provavelmente um pouco mais. O negócio em Portugal tem boas margens.

Briefing | Quais os objetivos de negócio para 2015?

AV | A nível mundial, queremos vender 1,6 milhões de garrafas.

Briefing | Como vê a Bulldog dentro de cinco anos?

AV | Espero que continue a ser a marca de gin em maior crescimento a nível mundial. Gostava de vender cerca de dez milhões de garrafas por ano. Temos muito trabalho pela frente.

 

Esta entrevista pode ser lida na íntegra na edição impressa do Briefing.

sd@briefing.pt

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